Autor: Maykon
Título: Não confundamos liberdade com descompromisso
Grande parcela da responsabilidade pela má qualidade da mídia é da própria população. É basicamente aquele velho conceito de oferta e procura. É ofertado aos espectadores aquilo que eles desejam. E, infelizmente, o que se quer atualmente são programas que retratem os defeitos e desgraças alheias.
Se uma emissora de televisão se designa a prestar bons serviços à população por meio de programas que abordem aspectos culturais e educacionais, certamente perderá audiência para outro programa que aborde a criminalidade, a pobreza e invada a privacidade de pessoas inocentes ou não (veja o sucesso dos reality shows, principalmente no Brasil). Desta forma, as emissoras que ainda pretendem prestar um bom serviço apenas o fazem em horário nada nobre. Quem acorda domingo às seis horas da manhã para assistir um conteúdo misto de educação e informação? Poucos, certamente. É válido lembrar que, para a maioria das empresas de comunicação, a audiência é muito mais quista do que a responsabilidade social que ela tem – ou deveria ter.
A grande massa se deixa alienar pelo que é oferecido e apresentado, principalmente no meio televisivo. Contudo, não se pode esquecer que as grandes emissoras de rádio e televisão, de certa forma, conseguem manipular os gostos e interesses da maioria das pessoas. Por isso, cabe-lhes também a responsabilidade pelos abusos que ocorrem. Por que, ao invés de se focarem em apresentar programas e informações medíocres, não propõem conteúdo que possa somar algo de útil e produtivo à sociedade? Por que não desmistificam assuntos como política e economia para que a maior parte da população saia do achismo e passe a entender o que ocorre à sua volta e que, certamente, influenciará sua vida? Quando o assunto é algum absurdo, alguma violência ou tragédia, a informação é passada de forma popular, que todos entendem.
Muito não se pode mudar por meio de imposição política ou judicial, por causa da liberdade de informação adquirida pela imprensa. Tal liberdade é importantíssima, pois se trata de um dos pilares que garantem e concretizam a democracia de uma nação. Porém, é tempo de que haja reflexão e conscientização por parte da sociedade e da imprensa para que todos compreendam o importantíssimo papel da mídia, e não a tornem em algo sem valor, como vem se tornando aos poucos. E mesmo que os meios de comunicação assumam o papel de entretenimento, não se esqueça da sua função de informar, preferencialmente o que realmente seja proveitoso.
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